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Social innovation, conflict and contradiction in the borders of the invisible

October 23 2015

Social innovation, conflict and contradiction in the borders of the invisible

By Eduardo Baptista, PhD, studies sociology of development and industrial engineering. 

Eduardo is an expert in the planning and the evaluation of social and environmental projects for international cooperation organizations and have been working in more than 30 countries in Latin America, Caribbean and Africa. He is a research associate and visiting professor at graduate programs at the Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil. Research Areas: hybrid organizations and social innovation.  

Innovation is a word that recently has lost its meaning due to an exhaustive use. Innovation challenges the well-established order, it emerges ¨in the boundaries¨. To some extent, it will question or overcome the existing order. It does not emerge from top-down processes. To innovate is to enter in a risky situation and to deviate from mainstream. In this sense, well-established social actors and economic agents have less innovation capability, they tend to be conservative. Innovation represents the unexpected use of some tool or method, the perversion of a decision or the appropriation of a novelty.

Social innovation requires a specific approach. Social innovation contributes to solving societal or community problems. As a result, new social structures are produced and new social relations are established. Innovation is a social construction in a specific context and in specific social relations. Some contexts (economic crisis, modernization processes, certain institutional arrangements, a less stratified society) are more favorable to innovation than others. The socio-technical infrastructure (energy matrix, media system, access to technologies) conditions innovation, fostering or precluding their development.

Social innovation is a social learning process, because innovators experience and progressively integrate new information, knowledge and skills that they did not have in the beginning and that were emerging or being debugged during the construction process, in which conflict and negotiation are essential components.

The deterritorialization produced by financial and technological globalization processes, represented for the Latin American elites an increased economic empowerment.  The social groups who did not have access to the physical or informational mobility brought by globalization processes, were kept in their unstructured and meaningless localities, that deepened social exclusion.  However, in the last decades, community-based social initiatives with economic purposes emerged in many Latin American countries, aimed to foster social inclusion. 

Global dynamics influences local contexts and long distance events influence everyday activities, while territories and local traditions become a valuable resource in a global society that lacks symbolic meanings. These global—local dynamics allow the emergence of new local social bonds and economic relations, that configures a change in the local socialization patterns.

Innovation emerges in the boundaries between the economic and the social, arises through collective participation processes, rely on diversified partnerships and are based on the quality of the social networks stablished by the involved actors.

The initiative is feasible because it is developed collaboratively in a group, on which the participants interact to produce the capabilities required to deal with critical situations and to undertake the required changes. It is a learning process oriented to overcome local challenges and to solve community-based problems and concerns, but enhancing the independence of each individual participant.

Observing these processes, it appears that at the beginning, innovations show up in "non-commercial" economic practices of mutual aid. They allow the creation of social ties through reciprocal relations seeking to adhere to the new social values, transcending merely economic goals. Subsequently, the projects gain access to more complex socioeconomic actions that lead agents to conduct social businesses to generate income and consolidate growth. They end up evolving into open economic initiatives that emphasize local development, the business' social function, continuous education and economic sustainability. Finally, through continuous interactions and feedbacks, they include environmental concerns and demands for social policies.

To some extent, these initiatives have sought to provide an answer to the lack of income, the industrial unemployment, the insufficient social security systems and the rupture of the traditional social ties. With the spatiotemporal disconnection between exchange and consumption brought by globalization processes, the commercial exchanges represent a decoupling between thinking, knowing and acting. These initiatives overcome this dissociation and innovate, integrating economic practices, operations management and execution, marketing and services, reunifying a "way of doing" that have been fragmented and isolated by industrial rationality.

Inovação social, conflito e contradição nas fronteiras do invisível  

Eduardo Baptista, PhD, formação (ou estudos) em sociologia do desenvolvimento e engenharia de produção.

Expert em planejamento e avaliação de projetos sociais e ambientais para organizações de cooperação internacional (tendo atuado em mais de 30 países da América Latina, Caribe e Africa). Pesquisador associado e professor convidado em programas de pós-graduação da U.F.R.J. ( ou do LTDS, se for conveniente ou ppossivel, também pode ser do Inst de Economia). (Areas de pesquisa: organizações híbridas e inovação social)

Nos tempos atuais, o termo inovação está quase esvaziado de sentido devido a seu uso à exaustão. Inovação conflita com o estabelecido, surge na margem, na fronteira, em alguma medida ela vai contestar ou sobrepor-se à ordem institucionalizada, não se constitui de cima para baixo. Inovar implica em entrar em uma situação de risco, em tomar um desvio em um caminho estabelecido. Nesse sentido, a possibilidade de agentes econômicos ou atores sociais estabilizados gerarem inovação é pequena, eles tendem a ser conservadores. Inovação representa o uso inesperado de ferramenta ou metodologia, a perversão de uma decisão ou a apropriação de uma novidade.  

Entretanto, inovação de tipo social requer abordagem especifica. Inovação social contribui para resolver problemas de sociedade ou de uma comunidade e por efeito de sua ação, novas estruturas sociais são produzidas e novas relações sociais são estabelecidas. A inovação é uma construção social em contexto preciso e relações sociais específicas. Alguns contextos (de crise econômica, processos de modernização, determinados arranjos institucionais, uma sociedade pouco estratificada) são mais favoráveis à inovação que outros. A infraestrutura sociotécnica de uma sociedade (tipo de energia, complexidade de meios de comunicação, disponibilidade de equipamentos) também condiciona as inovações, potencializando-as ou inibindo seu desenvolvimento.  

Por último, inovação social é aprendizagem, pois os inovadores experimentam e integram progressivamente informações, conhecimentos e saberes que eles não detinham ao início e que foram surgindo ou sendo depurados ao longo do processo de construção, em que o conflito e a negociação são componentes essenciais.  

O surgimento, nas últimas décadas, de iniciativas sociais de base comunitária com finalidade econômica em toda América Latina representa uma estratégia adotada por segmentos da sociedade para a construção de espaços de sobrevivência econômica e inserção social. A desterritorialização produzida pela globalização financeira e tecnológica representou para suas elites um fator de emancipação e principalmente, maior inserção econômica. Para aqueles segmentos sociais que não tiveram acesso à mobilidade física ou informacional, restaram os espaços locais desestruturados e esvaziados de significado, propícios ao aprofundamento da exclusão.  

Entretanto, nas brechas abertas pela mudança de padrão de sociabilidade derivada da dinâmica global e de novos contextos locais, outros espaços foram produzidos, permitindo a formação de enlaces sociais no âmbito das relações econômicas em transformação. Nessa sociabilidade em construção, as atividades quotidianas são influenciadas por eventos distantes, ao mesmo tempo que territórios e costumes locais tornam-se referências em uma sociedade global carente de significados simbólicos.  

Ao germinar na fronteira entre o econômico e o social, a inovação surge em processos que são amalgamados e soldados pela participação coletiva, montagem e diversificação das parcerias e qualidade das redes sociais construídas. A iniciativa se viabiliza por ser realizada em grupo, nele são adquiridas qualificações necessárias para enfrentar situações críticas e realizar as transformações pretendidas. Ela é um processo de aprendizagem mobilizado na superação do entorno crítico e na resolução de problemas e anseios, em base comunitária, porém valorizando a autonomização do indivíduo.  

Observando as trajetórias, constata-se que no início, as inovações mostram-se sob formas “não comerciais” de práticas econômicas de ajuda–mútua. Elas permitem tecer vínculos sociais através de relações de reciprocidade buscando aderir a novos valores sociais, transcendendo a objetivos apenas econômicos. Posteriormente, os empreendimentos acedem a ações socioeconômicas mais complexas que levam os agentes a realizar negócios sociais para geração de renda e consolidação de seu crescimento.  

Terminam evoluindo em iniciativa econômica aberta à atuação mais ampla que enfatiza o desenvolvimento local, a função social do empreendimento, a formação contínua e a sustentabilidade do negócio. Por último, interagindo e realimentando-se, acrescenta-se a valorização de aspectos ambientais e demandas por políticas sociais, que passam a ser considerados partes de um todo integrado.  

Em certa medida, essas iniciativas buscaram dar respostas à precariedade das formas de geração de renda assalariada e ao desemprego industrial, à insuficiência dos sistemas de seguridade social e à ruptura dos vínculos sociais tradicionais. Com a desvinculação espaço-temporal entre intercambio e consumo, as trocas mercantis passaram a representar uma dissociação entre pensar, conceber e atuar. Ao integrar às práticas econômicas, concepção, gestão e execução da produção, comercialização e prestação de serviços, reunificando um “modo de fazer” que a racionalidade industrial fragmentou e isolou, esses empreendimentos superam essa dissociação e inovam.  

 

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